Devir Dança numa proposta contemporânea
Por Wagner Ferraz
Muito frio!
Domingo (03/08/2012) 18 horas, sala Cecy Frank da Casa de Cultura Mario Quintana – Porto Alegre/RS.
Eu, sentado aguardando para assistir um trabalho em processo do Grupo Experimental de Dança da Cidade de Porto Alegre sob a direção de Airton Tomazzoni.
Aguardar uma proposta de dança iniciar, para mim, sempre é um pouco tenso. É como se eu fosse dançar algo que eu não sei o que é. Talvez eu fique na expectativa de dançar junto enquanto assisto da minha cadeira. Nem sempre o que assisto deixa brechas em que eu me sinta deslizar e participar, nem sempre quando assisto uma dança minhas sensações coreografam minha respiração, nem sempre o que eu assisto produz arrepios como efeito.
Mas o que assisti neste dia, disparou em mim o desejo de ver em que essa proposta poderá se desdobrar. Para mim, o que assisti, veio ao encontro do que tenho pensado neste momento e tenho chamado de descoreografar (ousadia minha, mas é apenas um exercício para pensar a dança), que seria uma criação que não vai ao encontro do que se espera ou do se faz normalmente. É como se eu não pensasse em formatos específicos e possíveis receitas para coreografar, é como não fazer o que “possíveis manuais” podem indicar. Para, a partir disso, repensar o coreografar/performar e após voltar a coreografar como se estivesse desfazendo a dança que em si se refaz na própria cena. E trago o desfazendo como uma criação na contramão. Uma criação despreocupada com o que pode vir a agradar, voltada para produzir sensações, para acontecer, para vir a ser, para um devir dança numa proposta contemporânea.
Sim! Isso mesmo, não se tratava de uma coreografia pronta ou fechada/acabada, era uma performance, mas me levou a pensar em processos coreográficos. Apenas isso!
Parabéns aos bailarinos/performers/dançarinos/atores, ou seja, lá como se queira chamar, parabéns Airton Tomazzoni. Sucesso nos desdobramentos dessa proposta.
O trabalho assistindo foi um experimento inicial que se constitui no espetáculo “FRÁGIL”.
____________________________________________________________________________________________
Wagner Ferraz é um dançante, pesquisador e performer. Coordenador dos Estudos do Corpo, Revista Informe C3 e Coordenador Editorial da Canto. Já organizou e escreveu alguns livros que podem ser encontrados emhttp://canto.art.br/canto-editorial/. Atua como professor em cursos de Pós-Graduação lato sensu na área da Educação na UFRGS e CAPACITAR e professor do Curso de Tecnologia em Dança da UCS. Contato:[email protected].
____________________________________________________________________________________________